Tuesday, April 10, 2007

Veneza

Alguém me disse que a Páscoa era um bom momento para se visitar Veneza, porque a cidade estaria vazia de turistas e seria possível explorar a cidade com calma. Foi trote! Caraca, amigo, Veneza estava explodindo de gente! Não sei como não caiu gente naqueles canais. Ainda tentei ter esperança de que o povo - católico fervoroso - iria se enfiar nas missas e lá ficar. Ledo engano. Missa de católico é das 8h às 10h da manhã no máximo. Depois disso o povo tá liberado para pecar.

Optamos por montar acampamento em Verona por ser mais barato. Fomos dois dias a Veneza, de trem, que custa € 6.10 por trecho, por pessoa, e dura em média 2 horas. Pegamos o trem das 9h, chegamos perto das 11h e já encontramos uma estação lotada, com uma fila monstra para comprar bilhete do Vaporetto. Vaporetto é um ônibus aquático (popularmente conhecido como barco) que leva e traz turistas e locais pelas ruas alagadas (também conhecidas como canais) da cidade. O bilhete unitário custa € 6.00 e o passe de 12 horas custa € 13.00 (ou algo assim). Preferimos usar nossas pernas para transitar por Veneza, ao invés de brigar por um espaço no Vaporetto. Até porque italiano é bom de briga e a gente sairia perdendo.

(Abre parêntese: sabe aquele dramalhão de Copa do Mundo? Caiu, faz caras e bocas, sofre, chora, sua, tudo para cavar uma falta - que na maioria das vezes nunca existiu? Existe na vida real também. É tudo uma grande ópera lá. Fecha parêntese)

Compramos um mapinha por € 2.50 em italiano (porque o inglês estava em falta e entre italiano e francês, sou mais fluente *tóin* no primeiro, capice?) e lá fomos nós alegres e fagueiros. Cruza primeira ponte, passinho tartaruga, tentando apreciar a paisagem entre um "escusa" aqui e "grazie" acolá. Aliás, coisa engraçada e curiosa de lá: italiano quer saber se você é turista ou nativo não, pede informação, dá informação, bate papo, tudo em italiano. Achei bacana essa atitude tá-no-meu-país-fala-minha-língua-pô.

Apesar de não ser estudante há uns bons meses, ainda tenho mentalidade de e viajo como uma. Junta isso com essa coisa de morar na Europa e num ter mais saco para tanto museu, igreja e velharia, e a moral da história é: igreja? outra? cobra pra entrar? Próximo! Isso mesmo, pulamos váááááárias igrejinhas e museus que não iriam acrescentar muito no repertório. Vamos combinar que as igrejas italianas são lindinhas, mas quem foi a Roma viu quase tudo que precisava ver em termos de igreja.

A gente preferiu "viver" a cidade. Ir num café, tomar um Spritz (prosecco e uns trecos misturados, azeitona e limão), ver o movimento da pracinha enquanto os raios de sol queimam nossas bochechas. Que delícia só sentar e contemplar o mundo girando como se fosse um filme.

Veneza tem dois pontos ultra-super-mega-uau turísticos: Praça São Marcos e Ponte Rialto. A torcida do Flamengo toda se encontra nesses dois lugares. Consequentemente comida ali é bem mais caro do que nos outros lugares. A parte boa de pegar o mapa e sair andando é pode encontrar ruazinhas que só os nativos frequentam. A pizza custa € 4.00, enquanto nos lugares pop ela vai até € 11.00. Tem uma coisa que irrita na Itália é a tal cobraça de coberto. É tipo cobrar pelo uso da toalha da mesa. € 2.00 por cabeça. Habla serio!!!!! Por isso, a melhor opção para durangos e pão duros de plantão é comprar as mega-fatias de pizza e comer enquanto caminha. Uma fatia varia entre € 1.80 e € 2.20. E não se esqueça dos sorvetes! My precioussssss. Caraca, manjar dos Deuses. Tente provar o máximo de sabores possíveis. Me arrependo de não ter tomado mais. :-/bom, fica pra próxima.

Outra coisa que a gente não fez, mas que para os mais aventureiros é uma boa pedida: passeio de gôndola. Rola o papo de negociar o preço que os caras reduzem, mas isso só funciona se a oferta é maior do que a procura. Não foi o caso. Tinha engarrafamento de gôndola, meus caros! En-gar-ra-fa-men-to! Então a pessoa sai de Nova York, Londres, São Paulo pra pegar trânsito em canal??? Pois é, e ainda paga € 100.00 (CEM euros) pelo barco, que leva de uma a seis pessoas, num passeio de até 40 minutos. Ou seja, se você está de galera e cada um paga o seu, até que não é tão mal, né? Nem todos os gondoleiros usam aquela roupinha listrada e o chapeuzinho. Frustrante. E nem cantam o sole e mio. Por 100 pratas, tinha que ter Pavarotti lá.

Aliás, Veneza é bem musical. Em toda pracinha tem um músico (muitas das vezes bom) tocando um instrumento. Até os tais bolivianos tocando flautinha! (lembro deles em Copacabana, quando eu ainda morava lá, 5 anos atrás). Eu não resisti e várias vezes entoei o "dá-me um cornetto, é da gelatto, cornetto mioooooooooo" enquanto atravessava uma das mil pontes que cruzam os canais. Até um gon-do-leeeeei-ro, gon-dol-lei-ro, ao invés de bamboleio, saiu! Não tem jeito, o lugar desperta o seu eu musical.

Uma dica rápida: por conta de tanto canal, tanto riozinho, tanta água, dá muita vontade de fazer xixi. Os banheiros públicos custam € 1.00 por xixizada! O banheiro mais caro que vimos até agora em toda a Europa!!!!! Não é à toa que todo beco deserto cheira a mijo. E presenciamos uma cena bizarra: a mãe segurando a filha pelada para ela fazer pipi no canal. Quer economizar sem ter que poluir a cidade? Segure o xixi para quando você parar para comer. Foi o que fiz em dois lugares que não cobravam cobertos e tinham pizza a um preço honesto. Outra coisa: na estação de trem tem uma mega lanchonete que tem banheiro. Geralmente é para uso dos clientes, mas como o lugar é imenso, não tem como controlarem. O xixi da chegada e da saída estão garantidos!

Praça São Marcos é uma graça. A Catedral é linda. Mas quem disse que a gente teve coragem de entrar na fila? Uma pena, gostaria muito de ter visto o túmulo do apóstolo lá enterrado e ter visto a vista lá de cima, mas não rolava de ficar 4 horas em pé esperando quando ainda tínhamos muito a ver. Sim, somos péssimos turistas. Amém.

A ponte Rialto tem uma vista linda e ela em si é uma atração. A data de contrução é meio nebulosa, mas a ponte tal qual é hoje data de 1588, sendo a ponte mais antiga de Veneza. Um outro lugar interessante (mais pela história do que pelo lugar em si) é o Ghetto (claro que a música "O ghetto (sic) escuro esconde a violência" não saiu da minha cabeça), lugar onde os judeus de Veneza foram isolados. Aliás, o nome gueto nasceu daí. (Abre parêntese: você sabia que Venezuela significa Pequena Veneza? Eu não. Fecha parêntese)

Fomos numa pequetita exposição gratuita sobre Vivaldi em uma igrejinha. Vários instrumentos velhos, informações sobre o compositor Veneziano, música ambiente. Eu preferi ficar filmando e tirando fotos, enquanto Cipri se divertiu lendo a biografia dele. Acabei descobrindo que Vivaldi é o compositor favorito dele. Nem sabia que ele gostava de música clássica. Vivendo e aprendendo.

No setor comida, confesso que não gostei dos doces que provei não (exceto o sorvete, claro). Um era um bolo de chocolate com nozes e frutas cristalizadas que tinha um gosto ruim de frutas cristalizadas e acabou aí. O outro era tipo um cookie com nozes e passas. Não era ruim, mas era dispensável. Caloria mal consumida, eu diria. Os doces são muito mais bonitos do que saborosos. Na dúvida, fique com o sorvete (comi um de laranja com canela e chocolate, que foi... interessante).

Se estiver planejando visitar Veneza, cuidado com a época das marés altas (se é que tem isso). A água sobe e inunda tudo. A água me pareceu bem limpinha, mas ouvi dizer que fede no verão, então não deve ser tão limpa assim. Por outro lado, vi uma foto de Veneza no inverno que me pareceu um convite para voltar ao local.

Vou publicar fotos assim que juntar o USB com a máquina. Veneza fica muito mais interessante com imagens.

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