Tuesday, November 28, 2006

Lisboa

Minha ida à Lisboa não pode ser considerada turismo, já que fui dar entrada na identidade e no passaporte portugueses. Mas ninguém fica 2 dias e meio em Lisboa e não vai dar uma voltinha, né?

Fui de Monarch, uma budget airline como muitas por aqui e minha passagem custou £ 82.00. Não é barata, mas também não foi cara. Quanto é uma passagem Rio/BH/Rio? Para quem vem fazer turismo na Europa, recomendo comprar a passagem de ida e volta separadamente dos trechos internos. Dica para checar valores: www.skyscanner.com. Uma curiosidade: vi minha passagem nesse site, e quando fui comprar diretamente no site da Monarch, a passagem estava £ 10.00 mais barata.

Para variar, o vôo atrasou - duas horas. Esse é um mal de vôos de/para Londres, com chuva e principalmente via budget airlines. Peguei um táxi do aeroporto até o Largo do Carmo, no centro antigo de Lisboa, que me custou € 12.00. Fui encontrar minha amiga no jornal onde ela trabalha, fomos jantar na casa dos pais dela e depois fomos tomar um café com uns amigos num lugar muito fofo chamado Chapitô. Fica no alto de uma ladeira (aliás, como tem ladeira em Portugal! Atenção: sapatos confortáveis, SEMPRE!) com vista para a ponte 25 de abril, o Cristo e a Praça do Comércio e sua árvore de Natal estilo a da Lagoa no Rio de Janeiro.

Come-se muito bem em Portugal. Sabe aquela coisa de avó de "come mais, meu filho! tá tão magrinho! não gostou da comida???" Pois é, isso é bom comum nas casas portuguesas. Ninguém passa fome. As porções nos restaurantes também são fartas. No dia seguinte fui almoçar num shopping e por € 6.30 eu comi um PF (prato feito) de bife de picanha a cavalo - cujo nome eu esqueci - com arroz e batata frita e uma saladinha, mais uma coca cola. A mousse de maracujá custou-me € 2.00. Existem milhares de padarias/confeitarias com doces típicos portugueses, mas confesso que não fui a nenhuma.

A parte antiga de Portugal é uma das mais caras. Próximo à Praça Luis de Camões tem umas padarias - uma delas chama-se Brasileirinha, ou algo do gênero, com uma estátua de Fernando Pessoa para os turistas tirarem fotos. Comi um croissant médio com queijo e um suco de laranja por € 5.00, enquanto numa área menos turística (Restauradores), um misto quente (equivalente a 4 sanduíches) e um chocolate quente custaram € 4.00. Os portugueses não entendem a paixão do brasileiro por bolinho de bacalhau, que lá é pastel de bacalhau. Como é super comum lá, aproveite para comer! Eu comi alguns caseiros e estava bom de lamber os beiços.

Reserve um dia para andar por Lisboa antiga. Ao contrário do centro antigo do Rio, Lisboa conservou bem os prédios históricos e caminhar pelas ruas estreitas de paralelepípedos, calçadas de pedras portuguesas faz lembrar um pouco a cidade maravilhosa, numa versão mais limpinha. Como já havia dito antes, são muitos altos e baixos. Vale a pena andar a pé e prestar atenção nos detalhes das fachadas, nas escadarias, nos botecos, nas pessoas, mas se o sapato não for confortável, pode ser uma tortura também. Alternativamente, pode-se pegar esses ônibus turísticos que dão a volta pela cidade, ou ainda andar de bonde. Existem duas versões: a turística, que custa € 14.00, cujo passeio leva 1h30 sem parar, e o bonde local, transporte urbano dos portuguesas e custa € 1.30 por viagem (saiu, pegou outro, paga de novo).

Eu resolvi subir ao Castelo de São Jorge (esse mesmo, que matou o dragão) a pé. Andei pela Baixa, visitei a praça Pedro V, grande, bonita, cheia de vida, mesmo na chuva. Parei na Igreja de Santo Antônio (que, por ignorância total em assuntos religiosos, eu nunca soube que era Lisboeta). A igreja foi construída no mesmo lugar onde Sto. Antônio nasceu. O quarto dele virou um local para rezar e segundo consta, até o Papa João Paulo - o fofo - já andou rezando por lá. Não sou muito religiosa não, mas por via das dúvidas, agradeci a graça concedida (hahaha) e pedi pelas minhas amigas solteiras. De lá para a Catedral da Sé é um pulo. Eu sou facilmente impressionável com coisas antigas e históricas, sei lá porquê. Acho que me faz questionar a origem de tudo, de como era antes do que a gente conhece por "civilização", do que se transformou o hoje, de como a Terra é velha, e de como tem gente que faz a diferença no mundo. São Vicente está enterrado (?) nessa catedral, mas como era uma área paga (pelo que entendi) e eu não sou muito chegada - nem sei quem foi São Vincente, pra ser sincera, mas descibri lá que é o Padroeiro de Lisboa - não fui. Mas todo o restante da Catedral é muito bonito, imponente, tudo de pedra, teto muito alto. Dá um certo arrepio quando está caindo mó pé d'água lá fora; parece cenário de filme de suspense.

Depois da Sé continuei subindo e passei - sem querer - a entrada para o Castelo. Lá em cima tem um mirante bacana e pode-se ver o Mosteiro de São Vincente, uma bela edificação, que dá até vontade de visitar. Eu iria, se não fossem minhas pernas pedindo arrego e me lembrando que ainda tinha o castelo. Dei meia volta e fui para o castelo. € 5.00 de entrada, mas estudante paga meia. Atenção estudantes portadores de carteira internacional: perguntar não ofende, mostrem SEMPRE a carteira de estudante na Europa! O castelo é grande, a vista é linda (ok, estava chovendo e nublado), é muito legal tentar identificar lá de cima os locais por onde já passamos. Os restaurantes estavam fechados, mas deu pra ver que no verão aquele lugar é um sonho, tipo o castelo de Nice. O Castelo de São Jorge não é como os castelos franceses ou ingleses, que são mantidos intactos, com todos os quartos e imobília, e uma coisa que senti falta foi de sinalização e/ou guias para nos contar a história do lugar. Até tem visita guiada, mas é para um mínimo de 10 visitantes, e eu estava sola. Na descida, não aguentei e peguei um bonde. Eles são do início do século passado e é uma experiência interessante.

À noite, fui visitar o local onde foi a Expo 98. Estive em Lisboa quando ainda estava em obra para receber o evento e dava pra ver que o serviço ia ser bem feito. Ao contrário de muitas obras por aí, os Lisboetas souberam fazer bom uso do dinheiro e investiram a longo prazo. O local hoje, além de pavilhões para exposições e shows, conta ainda com um Cassino, hotéis de luxo, apartamentos bacanas, prédios comerciais, muuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitos bares, e por aí vai. Infelizmente não pude ver a famosa ponte Vasco da Gama, uma das maiores da Europa, construída na época para ser uma outra ligação das margens do Rio Tejo (antes era só a 25 de abril).

Falando em ponte, a 25 de abril é uma ponte diferente das que vi pela Europa. Lembra a Golden Gate, em São Francisco, e liga Lisboa a Almada (onde minha amiga mora - aliás, ela disse que existem muitos brasileiros por lá, provavelmente por causa da praia. Lisboa não é muito bem servida de praia, não). Ao sair da ponta, já em Almada, a gente dá de cara com o Cristo Rei. Os cariocas egocêntricos acham logo que é uma alusão ao Cristo Redentor, mas ledo engano. Eu nem sabia, mas é possível pegar um elevador no Cristo e admirar a vista lá de cima. No passeio de ônibus que eu fiz, nos foi dito que esse Cristo foi construído para comemorar a não-participação de Portugal na 2a Guerra Mundial. Causa nobre.

No meu último dia de Lisboa - o que mais choveu - resolvi pegar esses ônibus de turismo. Quando se tem pouco tempo, é a melhor opção, porque pode-se ter um apanhado geral sobre a cidade, com algumas informações úteis. Pra ser sincera, se o orçamento da viagem não for muito baixo, recomendo uma volta completa mesmo quando se tem tempo. Depois é só fazer os pontos que mais gostar a pé ou de uma forma mais barata. Em Lisboa existem 4 roteiros diferentes: dois com bonde (não pode sair e pegá-lo em outro ponto) e que custam € 17.00 cada e dois com ônibus (um que vai pelo local da Expo e outro que pega o centro histórico e vai a Belém) e que custa € 14.00 cada. Todos saem da Praça do Comércio - ao contrário do passeio em Londres, não se pode comprar o bilhete no ônibus, e sim num bonde-escritório na Praça. Optei pela Tagus Tour (curiosidade, Tagus é o nome gringo do Rio Tejo), porque eu queria muito rever Belém, o lugar que mais me marcou quando da minha primeira visita à cidade. Eu já havia andado a maior parte a pé ou de carro com a minha amiga, mas de ônibus tem toda a explicação dos lugares, umas informações estilo rádio-relógio, mas que são divertidas.

A coisa mais engraçada de fazer turismo em Portugal, pelo menos para brasileiros, é a familiaridade dos nomes. Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Camões, agora Inês é Morta. Tem um "quê" de confortante entender a língua, de brincar com as diferenças de vocabulário (comboio = trem, autocarro = ônibus, etc). "Pois" e "pá" são minhas expressões favoritas. E é muito fofo ouvi-los usando palavras no diminutivo. Dá uma saudade louca de casa, de queijo de minas com café quente, bolo de milho, música baixinha, cachorro latindo lá fora, e gargalhadas. Vixe, bateu aquela coisa de pátria-mãe, colo de mãe. Por mais que a gente se revolte com essa coisa de ser Colônia, etc, estar em Portugal e ser bem recebido pelos portugueses é aconchegante.

Voltando ao passeio. Devido à chuva forte, ninguém saiu do ônibus, o que fez o passeio ser um pouco mais rápido (1h30). Acabei vendo que preciso voltar a Lisboa para visitar vários lugares que não pude ir, como o mercado da Praça de Espanha, o Zoológico (já soube que não é tão bem cuidado), museu/espaço cultural Calouste Gulbenkian, Bairro Alto, Mercado da Ribeira, etc. Também quero ir a Caiscais - de trem. E voltar a Belém sem chuva, para comer os famosos pastéis de Belém e visitar mais uma vez o Mosteiro dos Jerônimos - lá estão enterrados Vasco da Gama, Camões e outros.

Ah sim, informação muito útil: o bilhete desse passeio te dá direito a andar em toda a rede de transporte Carris, incluindo bonde e ônibus, além do ônibus especial para o aeroporto. Ou seja, não paguei nada pra ir para o aeroporto dessa vez (o ônibus custa € 3.00).

Bom, essa foi minha curtíssima passagem por Lisboa, que ficou com gostinho de quero mais. Visita totalmente recomendada, principalmente pela hospitalidade dos portugueses. Para quem mora fora, dá pra matar saudades dos avós, se é que vocês me entendem! :-D

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Rádio-relógio: Lisboa foi vítima de muitos terromotos no passado. Um dos mais trágicos de que se tem registro foi o de 1º de novembro (Dia de Todos os Santos) de 1755, que devastou a cidade e a maioria dos seus monumentos. O processo de reconstrução da cidade foi iniciado pelo Ministro Marques de Pombal, e, aprendendo com o passado, construiu ruas mais largas e edificações resistentes a terremotos. Vários momumentos tiveram que ser reconstruídos, como a Catedral da Sé - que por sua vez é veterana em terremotos.

Sunday, November 26, 2006

Viajar é preciso!

Estava eu, há um tempo atrás, contando minhas aventuras em Nice para a Laine (Lalá para os íntimos), quando ela me sugeriu que escrevesse um livro sobre minhas viagens. E não foi uma metáfora, ela estava falando das viagens que fiz e faço pela Europa, incluindo dicas e passeios pela minha amada Londres (olha o deboche, Christina).

Confesso que livro é um pouco too much para mim nesse exato momento. Auto-crítica e baixa auto-estima não me permitem que pense em algo tão grandioso. Mas blog, por que não? É público, mas é pessoal, não cobro nada, ninguém paga nada, então se eu quiser falar que em South East London tem muita gente feia, ninguém há de me criticar. Opinião é que nem bunda, todo mundo tem e preza-se muito a dita cuja.

Dito isto, é com muito orgulho que vos apresento o novíssimo Meus Experimentos, minha terceira incursão ao mundo do "é público, mas é privado". Ao contrário do Mudando de assunto e do The Sky is Gray... Again, esse Meus Experimentos não tem dia nem hora de ser atualizado, exceto quando eu viajar, óbvio. A intenção é que ele seja atualizado logo após eu voltar de viagem, porque senão eu esqueço muita coisa. Idade é uma meleca e minha memória é seletiva.
O primeiro experimento? Minha curtíssima viagem de negócios à Lisboa. O próximo post se trata disso. :-) Espero que gostem e que as dicas sejam úteis. Aceito sugestões e posso até atender a pedidos, mas não prometo nada. Para assuntos pessoais e viagens metafóricas, continuem usando os dois endereços dados acima. Até logo!